Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores - Geraldo Vandré

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Conceitos"

imagem: www.google.com.br

Identidade: conceito que define a diferença entre os indivíduos, começa a partir da escolha do nome, perpassam as escolhas, os gostos, modos de vida, interação, gênero, ou seja, é uma construção histórica, social e cultural singular (individual) e também numa perspectiva coletiva, “ao corroborar na formação da nacionalidade de cada país”.

Ideal de “embranquecimento”: crença que propunha o embranquecimento da população brasileira através da mistura de “raças” na tentativa de definir uma identidade nacional com composição racial superior justifica-se assim, o estímulo a imigração de europeus/eias para o Brasil, não somente como mão de obra, mas ao mesmo tempo pela superioridade de raça, entendida naquele período, como possibilidade de “depurar e salvar” o país de ser fadado ao fracasso por ser constituído em sua maioria por negros/as, índios/as e mestiços/as. 

Nação: identidade de um país, construída pela cultura, pela história e pela vivência de uma ou mais raça, etnia. O Brasil é privilegiado, pois, sua nação foi construída sob variadas somas de saberes, experiências históricas, sociais e culturais diversificadas, no entanto, ocorreu e ainda ocorrerem discrepâncias e desrespeito no que tange a igualdade entre as raças que formaram a nação brasileira: o reconhecimento pleno da contribuição dos negros e dos índios ainda não aconteceu. 


Mestiço como símbolo nacional: “o mulato era tido como resultado do branqueamento do país”. “O processo de formação da sociedade brasileira seria mestiça”, segundo o sociólogo Gilberto Freyre, em sua obra Casa-Grande & Senzala. Em sua obra o autor em uma perspectiva positiva e nostálgica apresenta exemplo de tolerância entre as três raças que formaram a identidade nacional, inicia-se o mito da democracia racial que exalta a convivência harmoniosa entre todos os indivíduos independente de classe social, mascarando assim a segregação, o racismo. No México, com o processo de colonização ocorreu a mestiçagem que contribuiu e ainda contribui para elevar o racismo contra os povos indígenas tradicionais. A imposição de uma nação “integrada e homogênea” acarretou a destruição da identidade e autonomia de alguns grupos étnicos. 

   
Democracia racial: conceito errôneo que apregoava a “convivência pacifica e ausente de conflitos, preconceitos ou discriminações de base racial entre os que viviam no Brasil”. Para Florestan Fernandes, a democracia racial, disfarçou a verdadeira realidade do racismo brasileiro.

Preconceito de classe e de cor: conceitos utilizados por sociólogos que pesquisaram sobre a questão racial a partir da década de 50. Para o sociólogo Costa Pinto o problema racial afetava apenas os negros/as de classe média, ou seja, ser negro/a é um entrave social, visto que, o mesmo não sabe lidar com a posição de destaque onde historicamente não participou, ser negro é está fadado ao fracasso. De acordo com Oracy Nogueira, sociólogo, em seu livro Preconceito de Marca (1955) “o preconceito contra negros/as seria exercido de acordo com a aparência, preconceito de cor ou de marca: tom de pele, textura dos cabelos, os traços físicos, que justificaria a subordinação do/a negro/a á sociedade ao reportar à escravidão, ou seja, se é negro naturalmente poderia ser escravo.  

Intelectuais: mesmo participando ativamente do movimento negro, as mulheres negras dificilmente participavam das funções de dirigentes nas organizações, a reprodução histórica de desigualdade sexista também imperava no contexto do movimento. Mesmo no movimento feminista as mulheres negras não se sentiam representadas, pois, na agenda política do movimento estavam contempladas apenas as questões vivenciadas por
mulheres brancas, que não tinham liberdade, mas eram na maioria de classe média e tinham freqüentado a escola. Nesse contexto surge a mulher negra, intelectual e militante que começa a refletir sobre os efeitos do racismo e consequentemente os impactos sobre as mulheres negras. Elas são historiadoras, pesquisadoras, artistas, cada uma com sua contribuição militando em todos os espaços.  Temos como exemplos duas intelectuais que contribuíram com seus estudos e reflexões, na construção da identidade da mulher negra que luta para derrubar os estereótipos historicamente arraigados: Beatriz Nascimento e Lélia Gonzalez.   
 
Movimento de Mulheres negras: “as mulheres negras sempre estiveram presentes e atuantes no movimento negro”, no entanto, até no movimento existia desigualdades sexistas: a participação “restringia-se aos bastidores”. Após a década de 80 ocorreram mudanças nessa lógica: às mulheres negras criaram espaços próprios de organização a partir da reflexão sobre as relações sociais que tornava/torna a mulher negra invisível na sociedade.
 
A constituição de 1988, das leis à implementação dos direito: os anos que antecederam a construção da constituição federal de 1988 vivenciaram momentos de efervescência dos movimentos sociais e de classe, a carta magna passou a ser vista como oportunidade para a sociedade imprimir concepções e visões de mundo para assim definir o futuro da nação. Várias reivindicações e demandas foram discutidas e defendidas, o desejo de democracia poderia ser realizado. Com a aprovação da lei os movimentos passaram a buscar a implementação dos direitos adquiridos: saúde, educação, assistência entre outros. O movimento negro reivindica o enfrentamento da desigualdade racial e percebemos que o Estado está, progressivamente, assumindo compromissos, criando ações e estratégias direcionadas a população negra com o intuito de diminuir as desigualdades raciais e sociais tão discrepantes existentes em nosso país.

                                                         Imagem: www.google.com.br

Referência: Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça Módulo 3, Políticas Públicas e Raça - Unidade 2: O percurso do conceito de raça no campo de relações raciais no Brasil.

Relator: Alice Oliveira Luna
Blogueiro/bloguista: Humbert Von Oertzen Becker