Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores - Geraldo Vandré

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Seminário Estadual sobre Diversidade Sexual



Marcando a fundação do Coletivo de Diversidade Sexual do SINDIUPES, foi realizado, em 29 de julho de 2010, o I Seminário “Educação e Diversidade Sexual: Desafios e Perspectivas”, com o objetivo de preparar os educadores para a discussão cuidadosa, ética e responsável sobre direitos humanos e cidadania LGBT.

A proposta do Seminário foi discutir como superar o preconceito e, com isso, avançar na direção de uma educação que de fato inclua a diversidade sexual.

A programação do evento contou com palestrantes renomados, debates, mesas-redondas, homenagens e apresentações culturais com performances de Gizelly Summer e Labelle Beauty, reunindo um público de 300 participantes.

O Seminário foi construído em parceria com 15 entidades de direitos e cidadania LGBT e três Universidades Federais.

Referência: Boletim informativo do Coletivo Estadual de Diversidade Sexual nº 01 / Primeiro Semestre de 2011,  produzido pelo Sindicato dos Trabalhadores/as em Educação Pública do Espírito Santo - Sindiupes.
http://www.sindiupes.org/  / sindiupes.diversidadesexual@bol.com.

Relatores: Edna Maria Debortoli e Izabel Cristina França Loss
Blogueiro/Bloguista: Humbert Von Oertzen Becker

PREMIADO EM PAULÍNIA, FILME GAY É CENSURADO EM PROJETO EDUCATIVO

A exibição foi levada ao conhecimento de líderes religiosos, que pressionaram políticos do estado para proibir não só a exibição do filme, mas ocasionar o cancelamento do Cine Educação


Eu Não Quero Voltar Sozinho, eleito o Melhor Filme, pelo júri e público, do Festival de Paulínia em 2010, teve sua exibição censurada no estado do Acre. O curta-metragem de Daniel Ribeiro integra a programação do Cine Educação, programa que traz a arte para dentro da sala de aula.

De acordo com o diretor e da produtora Diana Almeida, Eu Não Quero Voltar Sozinho, que fala de um garoto cego que descobre o surgimento da paixão por um novato no colégio, foi escolhido por uma docente e projetado aos alunos da Escola Armando Nogueira, de Rio Branco, capital do Acre. A introdução da arte no cotidiano escolar é um dos princípios da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
A exibição foi levada ao conhecimento de líderes religiosos, que pressionaram políticos do estado para proibir não só a exibição do filme, mas ocasionar o cancelamento do Cine Educação. O projeto é realizado em diversos locais do país resultante de parceria da Cinemateca Brasileira, a consultoria Via Gutenberg e as secretarias estaduais.
“De forma arbitrária, em uma república federativa cuja Constituição atesta um Estado laico, a sociedade está sendo privada de promover debates. Como pretendemos que adolescentes consigam respeitar a diversidade e formem-se cidadãos lúcidos, pensantes e ativos se informação, arte e cultura (sem qualquer caráter doutrinário) lhes são negadas?”, questionam diretor e produtora do filme.
Este é o segundo episódio recente de um projeto educativo organizado, em parte, pelo governo, que é afetado por lobby de setores religiosos. No fim de maio, o Kit Anti-Homofobia, materiais impresso e em vídeo que seriam distribuídos a estudantes para orientar em como lidar com a diferença e promover o debate em torno da sexualidade, foi cancelado por pressão da bancada evangélica no Congresso. À época, os deputados ameaçaram pressionar o já ameaçado ministro da Casa Civil Antonio Palocci, às voltas com suspeitas de enriquecimento ilícito, se o Kit Anti-Homofobia não fosse suspenso.
Leia abaixo a íntegra da nota enviada à reportagem do Cineclick pelo diretor Daniel Ribeiro e pela produtora Diana Almeida:
Queridos amigos e colegas,
No início da semana recebemos a notícia de que a exibição do curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, como parte do programa Cine Educação, havia sido censurada no Acre.
O programa Cine Educação, uma parceria com a Mostra Latino-Americana de Cinema e Direitos Humanos, tem como objetivo “a formação do cidadão a partir da utilização do cinema no processo pedagógico interdisciplinar” e disponibiliza diversos filmes cujos temas englobem os direitos humanos, de modo que professores escolham quais são mais adequados para serem trabalhados em aula.
Na semana passada, no estado do Acre, uma professora escolheu o curto Eu Não Quero Voltar Sozinho e exibiu-o para seus alunos. Para aqueles que não conhecem, a trama narra a história de Leonardo, um adolescente cego que, ao logo do filme, vai se descobrindo apaixonado por um novo colega de sala.
Alunos presentes na exibição confundiram o curto metragem com o “kit anti-homofobia” e levaram a questão aos líderes religiosos, que mobilizaram políticos da região com o intuito de proibir o projeto Cine Educação como um todo. Nenhum desses representantes públicos deu-se ao trabalho de ir atrás da verdade e descobrir que se tratava de um programa pedagógico com o intuito de levar o debate sobre direitos humanos para a sala de aula. Mais uma vez no Brasil, a educação perde a batalha contra o poder assustador das bancadas religiosas e conservadoras.
Neste momento, o programa Cine Educação está paralisado. Enquanto isso, os secretários de Educação e de Direitos Humanos do Acre estão articulando com o governador a possibilidade de garantir sua continuidade, enquanto os líderes evangélicos forçam o cancelamento definitivo do programa. Pelo que sabemos, mesmo que o programa seja reativado, o curto Eu Não Quero Voltar Sozinho será excluído do catálogo e não mais ficará disponível para que professores o utilizem no debate de questões que envolvem algo tão elementar quanto a sexualidade humana e tão importante quanto a deficiência visual.
De forma arbitrária, em uma república federativa cuja Constituição atesta um Estado laico, a sociedade está sendo privada de promover debates. Como pretendemos que adolescentes consigam respeitar a diversidade e formem-se cidadãos lúcidos, pensantes e ativos se informação, arte e cultura (sem qualquer caráter doutrinário) lhes são negadas?
Eu Não Quero Voltar Sozinho não é um filme pros elitista, tampouco ergue bandeiras de nenhuma natureza. É apenas uma obra de ficção amplamente premiada em festivais de cinema no Brasil e no exterior, cujos predicados artísticos e humanos transcendem qualquer crença. Ademais, se assuntos referentes à orientação sexual dos indivíduos e seus respectivos direitos civis está na pauta do Supremo Tribunal de Justiça e do Congresso Nacional, por que não debatê-los em sala de aula? Que combate sombrio é esse, que reacende a memória de um obscurantismo Inquisidor?
Produtores do Eu Não Quero Voltar Sozinho Daniel Ribeiro e Diana Almeida
referência: JAMFRI, 10 JUN 2011, JARUWEB.COM 
Relator: Edna Maria Debortoli
Blogueiro/bloguista: Humbert Von Oertzen Becker